O povo brasileiro é formado por remanescências de europeus desterrados que invadiram estas paragens e se misturaram aos povos nativos, trazendo na bagagem imperialista os negros durante o longo regime escravista. Promovido de colônia a Império, o Brasil declarou sua independência da metrópole, seguindo exemplos de outras colônias insurgentes, como os Estados da América do Norte. Lá, no norte, a independência veio depois de uma guerra. Aqui, nos trópicos, a independência veio depois de um acordo entre pai e filho – claro, fomos mais sensatos: todos preferiram a independência em lugar da morte! E depois veio a República...
Considerando todos os amplos e complexos aspectos da história política, social e cultural do Brasil, não é de admirar que este seja o país do jeitinho. Pouco me surpreende que critiquemos Renan Calheiros, os mensalões e mensalinhos e outras pragas ao mesmo tempo em que recorremos ao jeitinho brasileiro para resolver pequenos problemas cotidianos, ou para arranjar um trabalho, ou o que quer que seja. Não me surpreende, tampouco, que o nosso caráter seja formado menos pela responsabilidade social do que pelo instinto de sobrevivência individual.
Todo mundo quer mudar o país – e todo jovem que se preza, ao meu ver, deveria sonhar em mudar o mundo, em vez de limitar a sua vida a um projeto mesquinho e pobre de sucesso profissional e ascensão social. Mas este é, sim, o projeto de grande parte dos jovens hoje. E essa visão atrofiada não é um problema íntimo, mas um problema ligado ao ambiente social, aos preconceitos, ao autoritarismo, ao moralismo laico e religioso, aos interesses econômicos e políticos, às instituições como o Estado, gerido por... políticos! Que fazem acordos desde os tempos do império!
Aí me perguntam: “e qual deveria ser o projeto de vida de um jovem?”
Digo: Responda você mesmo oras!! Que porra você quer da vida?
“Pra mudar um país é preciso antes mudar o povo”, disse Kurosawa. Penso, enfim, que um povo deve criar e desenvolver um país – nunca o contrário.
É pano pra manga...
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