28 de ago. de 2007

Andei pensando



Andei pensando:

Sistema capitalista é erosão social.
A sociedade é formada por um monte de seres humanos. A base da sociedade, o seu fundamento, é o ser humano – este é o chão da sociedade. A erosão se dá, portanto, em cada ser humano.

O certo é que vamos destruir ou mudar o mundo. Não o fizemos ainda porque precisamos de horas de sono por dia.

E em meio a tudo isso, a música é algo que escapou...
FREEEEEEEE.....

no Museu de arte contemporânea, julho


cantinho do céu

quando cheguei era Cantinho do Céu, depois ficou só Céu mesmo. Quem lembra do cantinho? Pois é, foi em 1996, vixe, tempo que corre... Pra onde vai com essa pressa toda, meu fio?!!!
a galera de comunicação dominou em 99, imagina, quase dez (anos), fala baixo... que nada, fala alto! Quanto mais durar, sem endurecer muito, sem perder a tal da ternura... melhor, hein?

CADÊ A GALERA? PENSEI QUE A MAOIRIA ESTIVESSE POR AQUI, POR PERTO, DE VEZ EM QUANDO, EM TORNO DO COMPUTADOR.

Que todo mundo tenha computador em casa, e no trabalho, e que se possa, cada vez mais, trabalhar em casa, mesmo que não seja sempre em nossa casa. Como diria Hãs- entendeu, entendeu?

vixe...

Costelas estaladas. Trac tac. A fumaça, a cachaça na boca, entre os dentes alguns fiapos de carne
mal passada. Setenta anos com todos os dentes. Isso é coisa rara, diziam. Duas costelas quebradas, nenhuma era minha, passei adiante. Dedos com um pouco de gordura, sal, e carvão.
Não como carne vermelha, é o que parece.
Vomitei apenas a azeitona que estava com aquele gosto fofo e azedo de verde estragado.

16 de ago. de 2007

Michelangelo Antonioni. Veja a cena final do filme The Passenger (profissão repórter).

Essa cena ajuda a fundamentar uma expressão de Pasolini sobre o "Cinema de Poesia". Por outro lado, o movimento de câmera perfeito demonstra a técnica primorosa de Antonioni. Fantástico!!!
Assisti esse filme em VHS, alugado na cinemax (hoje fechada, que chato!).
Já foi lançado em DVD.
Postei um texto de Scorsese sobre Antonioni. Vale a pena.

Antonioni: o homem que libertou o cinema

16/08/2007
Antonioni: o homem que libertou o cinema

Martin Scorsese

O ano de 1961 foi há muito tempo. Quase 50 anos atrás. Mas a sensação de assistir ao filme "A Aventura" ("L'Avventura", Itália/França, 1960) pela primeira vez ainda está comigo, como se tivesse sido ontem.

Onde foi que o assisti? No Art Theater na Eighth Street? Ou foi no Beekman? Não me lembro, mas recordo-me da energia que correu pelo meu corpo na primeira vez que ouvi o tema musical de abertura - sinistro, staccato, tirado de cordas, tão simples, tão austero, como as trompas que anunciam o próximo tercio durante uma tourada. E, a seguir, o filme. Um cruzeiro no Mediterrâneo, sol brilhante, em imagens em preto e branco diferentes de tudo o que eu já havia visto - compostas com tanta precisão, acentuando e expressando o que? Um tipo muito estranho de desconforto. Os personagens eram ricos, bonitos de certa forma, mas, poder-se-ia dizer, espiritualmente feios. Quem eram eles para mim? O que eu seria para eles?

MESTRE DO CINEMA
AFP
Michelangelo Antonioni, diretor de "Blow Up", morto em julho
VIDA E OBRA DO CINEASTA

Eles chegam a uma ilha. Separam-se, espalham-se, tomam sol, discutem. E, de repente, a mulher interpretada por Lea Massari, que parece ser a heroína, desaparece. Das vidas dos outros personagens, e do próprio filme. Um outro grande diretor fez quase exatamente a mesma coisa por volta da mesma época, em um tipo bem diferente de filme. Mas enquanto Hitchcock mostrou à platéia o que aconteceu a Janet Leigh em em "Psicose" ("Psycho", EUA, 1960), Michelangelo Antonioni jamais explicou o que aconteceu com a Anna interpretada por Massari. Ela afogou-se? Despencou do penhasco? Escapou dos amigos e começou uma vida nova? Jamais descobrimos.

Em vez disso, a atenção do filme volta-se para a amiga de Anna, Claudia, interpretada por Monica Vitti, e o seu namorado Sandro, cujo papel é interpretado por Gabriele Ferzetti. Eles começam a procurar por Anna, e o filme parece ser uma espécie de história de detetive. Mas logo a nossa atenção é deslocada da mecânica da busca pela câmera e a maneira como esta se movimenta. Nunca se sabe onde ela estará, ou o que seguirá. Da mesma forma as atenções dos personagens mudam de foco: para a luz, o calor, a sensação de lugar. E, a seguir, passam a concentrar-se uns nos outros.

Assim, o filme transforma-se em uma história de amor. Mas isso também se dissolve. Antonioni nos torna conscientes de algo muito estranho e desconfortável, algo que nunca tinha sido visto no cinema. Os seus personagens fluem pela vida, de impulso a impulso, e tudo acaba se revelando um pretexto: a busca foi um pretexto para estarem juntos, e estar juntos foi um outro tipo de pretexto, algo que moldou as suas vidas e conferiu a estas uma espécie de sentido.

Quando mais vejo "A Aventura" - e voltei a assistir ao filme diversas vezes -, mais percebo que a linguagem visual de Antonioni nos mantinha focados no ritmo do mundo: os ritmos visuais de luz e sombra, de formas arquitetônicas, de pessoas posicionadas como figuras em um cenário que sempre parecia assustadoramente vasto. E havia também o tempo do filme, que parecia estar em sincronia com o ritmo temporal, movendo-se vagarosamente, inexoravelmente, permitindo aquilo que depois percebi serem as limitações emocionais dos personagens - a frustração de Sandro, a auto-depreciação de Claudia -, calmamente tomando conta deles e empurrando-os para uma outra "aventura", e depois para uma outra, e uma outra. Assim como o tema da abertura, que mantinha-se oscilando entre o clímax e a dissipação. Clímax e dissipação. Interminavelmente.

Enquanto todos os outros filmes que eu havia assistido progrediam para um clima de tensão, "A Aventura" rumava para a calma. Os personagens não tinham nem o desejo nem a capacidade para expressar uma autoconsciência real. Eles só contavam com aquilo que parecia ser uma autoconsciência, encobrindo uma veleidade e uma letargia que eram ao mesmo tempo infantis e muito reais. E na cena final, tão desolada, tão eloqüente, uma das passagens mais marcantes do cinema, Antonioni percebeu algo de extraordinário: a dor de simplesmente estar vivo. E o mistério.

"A Aventura" me aplicou um dos choques mais profundos que já experimentei no cinema, maior do que em "Acossado" ("À Bout de Souffle", França, 1960) ou "Hiroshima, Meu Amor" ("Hiroshima, Mon Amour", França/Japão, 1959) (feito por dois outros mestres modernos, Jean-Luc Godard e Alain Resnais, ambos ainda vivos e trabalhando). Ou "A Doce Vida" ("La Dolce Vita", Itália/França, 1960). À época havia dois campos. O das pessoas fascinadas pelo filme de Fellini e o das encantadas por "A Aventura". Eu sabia que estava decididamente do lado de Antonioni, mas se à época alguém me perguntasse, não sei se seria capaz de explicar por quê. Eu adorava os filmes de Fellini e admirava "A Doce Vida", mas fui desafiado por "A Aventura". O filme de Fellini me tocou e me entreteve, mas o de Antonioni mudou a minha percepção sobre o cinema e o mundo à minha volta, tornando ambos ilimitados (demorou dois anos para que eu voltasse a me envolver com a obra de Fellini, e experimentasse o mesmo tipo de epifania com "Oito e Meio"/"Otto e Mezzo", Itália, 1963).

As pessoas com as quais Antonioni estava lidando, bastante similares àquelas dos romances de F. Scott Fitzgerald (cuja obra, segundo descobri mais tarde, Antonioni apreciava bastante), eram as mais estranhas possíveis no que dizia respeito à minha vida. Mas no final isso pareceu não ter importância. Fiquei hipnotizado por "A Aventura" e pelos filmes subsequentes de Antonioni, e foi o fato de eles não se resolverem em qualquer sentido convencional que me fez voltar tantas vezes a assisti-los. Eles apresentavam mistérios - ou, melhor dizendo, o mistério, a respeito de quem somos, o que somos, uns para os outros, para nós mesmos, para a nossa época. Seria possível dizer que Antonioni estava fitando diretamente os mistérios da alma. Foi por isso que sempre retornei à sua obra. Eu queria continuar experimentando essas imagens, vagando por elas. E ainda o faço.

Antonioni parecia abrir novas possibilidades a cada filme. Os últimos sete minutos de "O Eclipse" ("L'Eclisse", França/Itália, 1962), o terceiro filme de uma trilogia informal que teve início com "A Aventura" (o segundo filme foi "A Noite"/"La Notte", Itália/França, 1961), foram ainda mais assustadores e eloqüentes do que o filme anterior. Alain Delon e Vitti marcam um encontro, e nenhum dos dois comparece. Começamos a ver coisas - as linhas de uma faixa de cruzamento de pedestres, um pedaço de madeira flutuando em um barril -, e passamos a perceber que estamos vendo os locais nos quais os personagens estiveram, vazios das suas presenças. Gradualmente Antonioni nos coloca face a face com o tempo e o espaço, nada mais, nada menos. E eles olham de volta para nós. Uma experiência assustadora, e libertadora. As possibilidades do cinema subitamente tornaram-se ilimitadas.

Todos nós testemunhamos maravilhas nos filmes de Antonioni - aqueles que vieram depois, e o trabalho extraordinário feito por ele antes de "A Aventura", em filmes como "A Dama sem Camélias" ("La Signora Senza Camelie", Itália, 1953), "As Amigas" ("Le Amiche", Itália, 1955), "O Grito" ("Il Grido", Itália, 1957) e "Crimes da Alma" ("Cronaca di un Amore", Itália, 1950), que eu descobri mais tarde. Tantas maravilhas - a paisagem pintada (literalmente pintada, muito antes do surgimento da técnica CGI, as imagens geradas por computadores) de "O Dilema de Uma Vida", (também conhecido no Brasil como "O Deserto Vermelho"; "Il Deserto Rosso", Itália, 1964) e "Depois Daquele Beijo" ("Blow Up", Itália/Inglaterra, 1966), e a história fotográfica de detetive neste último filme, que acaba conduzindo as coisas para cada vez mais longe da verdade; o final expansor da mente de "Zabriskie Point" (EUA, 1970), tão criticado ao ser lançado, no qual a heroína imagina uma explosão que faz com que os detritos do mundo ocidental caiam pela tela em velocidade super lenta e em cores vívidas (para mim Antonioni e Godard foram, entre outras coisas, grandes pintores modernos de verdade); e a notável última tomada de "Profissão: Repórter" ("The Passenger", Itália/França/Espanha/EUA, 1975), na qual a câmera desloca-se lentamente para fora da janela, em direção a um pátio, distanciando-se do drama vivido pelo personagem interpretado por Jack Nicholson e aproximando-se do drama maior expresso pelo vento, pelo calor, pela luz e pelo mundo que segue o seu curso.

O meu caminho cruzou-se com o de Antonioni algumas vezes no decorrer dos anos. Certa vez passamos juntos o jantar do Dia de Ação de Graças, após um período muito difícil na minha vida, e me empenhei em dizer-lhe o quanto significava para mim o fato de ele estar conosco. Mais tarde, depois que ele teve um derrame e perdeu a capacidade de falar, tentei ajudá-lo a realizar o projeto de "The Crew" - um maravilhoso roteiro escrito com o seu colaborador freqüente Mark Peploe, diferente de tudo o que ele já fizera, e sinto muito que o filme jamais tenha acontecido.

Mas, no que se refere a Antonioni, eu conhecia muita mais as suas imagens do que o homem em si. Imagens que continuam a me assombrar e inspirar. A expandir o meu entendimento do que é estar vivo no mundo.

Postado por Emílio Gusmão.

Enquadramentos

Fotografia tirada do Paço Imperial, Rio.
Por Fabrício Ramos

Acabo de chegar do Rio, onde encontrei Juli, Patati (muito bem, por sinal) e Sophia!
trocamos umas idéias lá na Fundição Progresso, sob os arcos da Lapa.
Muito bom revê-los! Pena que tenha sido tão rápido (Patati foi professor/fundador do nosso Curso de Comunicação na Uesc).

Aproveito para fazer um lobby aqui: na próxima segunda, vai acontecer no Rio o lançamento do Seminário "MUTAÇÕES: novas configurações do mundo", de curadoria de Adauto Novaes. O ciclo de conferências será transmitido ao vivo pela internet através do Portal Cultura e Pensamento. Vale dar uma olhada!

Bom, estou sentindo falta de posts da galera! estou sem tempo para postar, mas teria um tempinho para ler e comentar...

Sobre a foto, ilustra bem a imagem que tenho do Rio - cidade de contrastes, Brasil puro. Eu a dedico a Patati, professor que ajudou a ampliar nossos enquadramentos do mundo!
(humm, perdi algo atrás da biblioteca? vou dar uma olhada...)
Abraço!

13 de ago. de 2007

Cansados? ...

Eu ia postar algo sobre a ascensão do idiota, lembrando Nelson Rodrigues.
Mas estou absolutamente sem tempo até quinta-feira!
(Juli, estou no Rio esses dias - seria bom vê-la!)

Mas então fica aí a dica, pescada lá no Blog do Nassif:

Entrevista de FHC na revista Piauí >>

Outro dia, pensei em postar algo relacionado ainda ao idiota: movimento "Cansei". Todo mundo cansou mesmo dessa merda. Eu ia falar sobre Democracia sem Povo (bem típico no Brasil, esse conceito, acho, é de Mino Carta). Mas aí vi o Blog do tal movimento... aff. Cansei! Deixei pra lá.. Hebe Camargo, com mão no peito, isso era desnecessário, cara..foi crueldade. (Uma vez, assistindo o seu (Hebe) programa, eu a ouvi protestar contra aumento de impostos: "Como vamos pagar nosso jardineiro?! Isso não pode! Não pode!" e, imediatamente depois, fazer um merchadising de nem lembro que porra era! Isso EU VI, não é boato de internet não!)
Evitem.
Abraço!
EDesculpem o post apressado! espero ter mais tempo em breve!

Hoje penso diferente.




Tudo que escrevi no meu primeiro texto para esse blog representa um conjunto de opiniões emitidas naquela época. Hoje penso diferente, e não tenho medo de voltar atrás. Aquele foi um tempo de impressões ilusórias. Existiu sim, um certo quadro de burrice em todas as instâncias do curso, mas não foi generalizado. Hoje valorizo a idiotice preponderante, ela também foi necessária, a medida que nutria as nossas discussões.
O curso de Comunicação Social foi importante. Mudou minha forma de ver o mundo. Antes, minha tendência caminhava para o esquerdismo, tão presente no curso de História, através da interpretação equivocada sobre o materialismo histórico. De Pierre Levy a Jesus Martin-Barbero passei a conhecer uma forma mais lúcida, compreensiva sobre nossa época.
Muitas pessoas fora do grupo do CEU também tinham valor. Isso pude constatar depois, na convivência cotidiana do mercado. O grupo do CEU passava má impressão, empregava posições cáusticas sobre tudo, muitas vezes utilizando a crítica da crítica. Todos têm o direito de pensar e se posicionar da forma que bem entender. Nem sempre as opiniões contrárias vindas de fora eram idiotas. Por diversas vezes o grupo do CEU cometeu sandices através de comparações equivocadas, análises precipitadas (julgar um autor por uma obra apenas) e etc. Até mesmo algumas beldades foram condenadas pela roupa bonita ou da moda que usavam. Todos esses erros soavam como cabotinagem para os de fora, e infelizmente para alguns do grupo servia como doutrinamento. Assumo parte dessa culpa.
A minha situação atual de homem de mercado me faz crer na necessidade de se conviver bem com todos, e que diversidade sugere riqueza. O grupo do CEU mesmo tendo encampado diversas arenas, tendia a homogeneizar conceitos e opiniões.
O CEU foi importante, maravilhoso seria exagero.
Não quero travar embates lembrando questiúnculas do passado. Pretendo participar refletindo ricamente. O meu texto anterior foi apenas um ponto de partida.
Emílio Gusmão.

11 de ago. de 2007

Anos atrás...

Anos atrás um jovem recém saído de cidade miúda do sul da Bahia, adentrava pela primeira vez os portões velha UESC. Eram idos de 1999, quando numa tarde de calor numa casa de veraneio, na zona sul de Ilhéus, recebi com muito entusiasmo a notícia sobre minha aprovação no vestibular para Comunicação Social - Rádio e TV.
Em agosto do referido ano já estava na sala freqüentando as primeiras aulas e me dedicando com afinco. Tanto assim, que em pouco mais de um ano e meio já estava "fera" em computação e internet, coisa que sequer existia em minha terra natal.
A turma era boa e entrosada, cheia de figuras ilustres. Tinha o André, que logo no primeiro semestre aplicara um contra-trote nos auto-intitulados veteranos. Tinha o Márcio Fabrício, melhor jogador de xadrez de todos os tempos do eixo Ilhéus-Itabuna, com sua pose de aristocrata do cacau. Tinha o Fabrício, apelidado por simesmo como KC, que conseguia ser Sagaz, Cáustico e Indiferente ao mesmo tempo, dizia-se até que ele vivia numa imensa torre de mármore. Tinha o Emílio, que para sempre discordar de tudo chegou a o cúmulo de discordar de si próprio.
Com o advento do 5º semestre, uma safra de péssimos professores invadiu o curso. Veio a falta de estímulo para seguirmos nossa "carreira discente" somada ao tédio e asco ocasionadas por aulas onde se ouvia tão somente o relato de casos de galinhas, xerém e similares. Passei, junto com a boa parte da turma, a me dedicar integralmente às atividades do CEU. Foram os melhores tempos da UESC. O grupo do Xadrez se formou com suas muitas rivalidades, ganhando ódio e respeito dentro do Curso e da UESC. Pássavamos tardes e mais tardes discutindo sobre o tudo e o nada, jogando partidas de xadrez memoráveis. Fabrício, o KC, era um queijo ficando freguês logo. Ricardo, o Zaratuuuussssstra, não deixava por menos. Jerson(ou Gerson?), o Cegonha, sempre tinha peruagens furadas para acrescentar.
Nesta mesma época apareceram os ilustres Piligretes, dos quais fiz parte por um tempo, que acabaram por se rivalizar com os Adoradores do Oráculo. Isso rendeu muitas histórias. Houve também o caso da greve contra os professores, com direito a passeatas e cobertura da TV e rádio. Foi também neste período que se destacaram os pseudo-intelectuais-de-merda com suas várias teorias do espelho invertido. Recorda-me agora tanta coisa, que seriam necessários 100 posts para publicar, mas vou ficando por aqui, em outra oportunidade passo aqui pra contar mais alguns casos ilustres da Velha UESC.....

10 de ago. de 2007

Para o bem da divergência proveitosa




Quando atingi o 5º semestre do curso de comunicação social da UESC, cheguei a conclusão de que havia feito uma merda na minha vida. O curso era um saco, os professores ruins (com exceção de poucos), e a grande maioria dos alunos não possibilitava sequer um papo. Certo lugar me permitia fugir desse quadro inóspito, O CEU. Lá, integrantes de um "sendero luminoso" tupiniquin se reuniam para atacar uns aos outros. Debates raivosos, partidas de xadrez onde egos se mostravam nus, relatos de aventuras sexuais, críticas raivosas a professores idiotas, comentários sobre mulheres lindas, beldades e "cavalas" e sobretudo, troca de idéias e impressões sobre grandes obras da literatura formavam a pauta necessária para as minhas fugas da sala de aula.

No CEU decidi romper com o curso, partindo para a convivência obrigatória (obtenção dos créditos). Abri mão das aulinhas ridículas dos professores/repórteres da tv Santa Cruz e abracei Dostoievski, Tolstoi, Flaubert e Pirandelo como causa de reflexão da vida e do sofrimento. Certo dia, um orgulho muito nobre me possuiu, quando fiquei sabendo que um certo colega (merecedor de respeito), tentou fazer um comentário depreciativo a minha pessoa, afirmando: "Emílio só lê literatura russa". Pirandelo e Flaubert além de outros que li, não eram russos, mesmo assim, jactancioso percebi que havia conseguido fugir da mesmice.
Graças! Graças!
Graças ao CEU!

Emílio Gusmão.

8 de ago. de 2007

Esse CEU que nos protege...


A proposta é que este espaço se torne um CEU virtual.
A intenção é distribuir a senha de acesso para todos os interessados em postar.
Afinal, o CEU foi (ainda existe?) um lugar marcante:

Lá, presenciei discussões - profícuas ou não, deixemos os detalhes de lado - sobre política, mulher, futebol, arte, mulher, crença, existência e, por fim, mulher.

Lá, vi coisas bizarras:
Nane Albuquerque ministrar aulas ali mesmo, derramando sua tão oculta sapiência.
Vi partir dali, do CEU, para tomar o campus inteiro, uma passeata dos alunos de comunicação, vestidos de preto, panelas a mão a exemplo de Malu, então coordenadora do colegiado, todos comungando o mesmo grito de protesto (não me lembro bem qual, pois eram tantas as causas), numa atitude eloqüentemente democrática, quase cívica e... patética.

Também vi poetas (vi, mas não os li), comunistas (de boteco?), as Quintas Culturais (pequenas cervejadas legais)...

Vi Emílio discordar de tudo; e Saul concordar com tudo.
Vi Juli apontar os refratários machistas, e sempre, sempre, generosamente, não deixar com que faltassem nuvens em nosso CEU! Como anda o Rio? mande lembranças a Patati.

Ahhh... ali, numa daquelas mesas, venci, implacavelmente, numa belíssima partida de xadrez, ele, o melhor de Itabuna/Ilhéus de todos os tempos: Márcio Fabricio (não é momento de falarmos sobre o histórico de nossos embates..rs). Ricardo Zaratustra é freguês!

Enfim, era tanta coisa, que julgo valer a pena tentarmos continuar nossas conversas, sempre que o escasso tempo de nossas vidas pequeno-burguesas (não é Rodrigão e Marcão reds?) nos permitir. Cadê Cegonha rapaz? Junia, vê se aparece!

O blog pode ser o nosso canal coletivo, seja para jogar conversa fora ou para exercitarmos o confronto saudável de idéias (com ênfase no saudável, não no confronto, viu Emílio?).

Quem quiser, puxe uma cadeira.
Todo mundo é bem-vindo!

Por Fabrício Ramos.